Parte 2.
Título: Lá e de Volta Outra Vez: As Férias de um Hobbit - Capítulo 5
Autores: definir
Originalmente publicado em: Outubro/Novembro? de 2005.
Permissão de publicação para: Valinor e Sociedade do Pastel (SdP).
ContinuaçãoDe Erebor
Após cavar muito profundamente para procurar Mithril, os anões que habitavam em Moria libertaram um grande demônio dos tempos antigos: um Balrog de Morgoth, que atacou com fúria os despreparados anões e matou seu líder, o Rei Durin além de seu filho Náim e muitos outros de sua prole.
Alguns anões ainda conseguiram fugir do local e vagaram errantes por anos, até que em 1999 da terceira Era, Thráin I, filho de Náim, fundou o Reino de Erebor, localizado ao leste da Floresta das Trevas e ao oeste das Colinas de Ferro, com os sobreviventes do povo de Moria que lhe acompanhavam.
A primeira crise veio no ano de 2210 da mesma Era, quando o senhor de Erebor, Thorin, guiou seu povo para residir nas Montanhas Cinzentas, por ter a esperança de encontrar muitos outros anões sobreviventes de Moria, tornando a região da montanha solitária quase deserta. Ali, Thorin foi aceito como rei e pode usar seu anel do poder para fazer a região prosperar novamente. Após o reinado de Thorin, seu filho Gróin, reinou, e depois Óin, Náin II e Dáin I.
Com o sucesso do novo reino desses anões, a prosperidade financeira tornou-se absoluta, sendo que a fama do ouro desse local passou a ser muito grande. Aconteceu, então, que alguns dragões atacaram o reino, matando muitos anões e expulsando os outros das Montanhas Cinzentas. Em 2590, o filho de Dáin I, Thrór, uniu alguns dos sobreviventes das Montanhas Cinzentas e os guiou de volta para o Reino de Erebor, os outros seguiram seu irmão, Grór, para as Colinas de Ferro.
Estando novamente este povo estabelecido, a prosperidade foi mais uma vez alcançada, pois havia grande atividade comercial entre os Anões, Homens de Valle e de Esgaroth e os Elfos de Mirkwood. Com Erebor no auge de sua riqueza, a fama de suas vitórias, conquistas e principalmente de seus tesouros, espalhou-se por muitas milhas, chegando aos ouvidos do temível dragão Smaug, que atacou e dominou a cidade em 2770, numa investida furiosa onde grande parte da população local foi assassinada e outra parte fugiu, possibilitando um reinado tranqüilo do dragão.
Alguns dos anões que novamente foram expulsos de seu lar buscaram refúgio nas Colinas de Ferro, os outros seguiram o Rei Thrór, seu filho Thrain II, e seu neto Thorin II, em companhias vagantes. Neste período, Thror foi assassinado por Orcs em Moria, que o decapitaram e enviaram sua cabeça para seu povo. Os anões não suportaram mais esse insulto cruel e todas as casas desse povo se uniram numa gigantesca batalha que ficou conhecida como "Guerra dos Anões e orcs" e durou sete anos.
Nesta guerra, os Anões atacaram cada moradia de Orcs que conseguiram encontrar, até que finalmente atingiram o portão leste de Moria, aonde travaram a
Batalha de Azanulbizar. Mesmo vitoriosos, não havia motivos para comemorar, pois grande parte da população perecera na guerra, Moria continuava nas mãos do Balrog e o Reino sob a montanha tinha Smaug como seu senhor.
Após o termino da guerra, Thráin II e seu filho, Thorin II (agora chamado Escudo-de-Carvalho) fundaram um pequeno reino nas Montanhas Azuis, mas nem lá encontraram a paz, pois Sauron capturou Thráin II, tomou-lhe o seu Anel do Poder e o torturou até a morte.
Aconteceu, porém, que Thorin Escudo de Carvalho, ficou descontente em seu reino, mas lá continuou, pois não sabia o que havia acontecido com seu pai e ainda o esperava. Mesmo com o crescimento do reino nas Montanhas azuis, Thorin ainda desejava retornar para Erebor e isso só foi possível quando se encontrou com Gandalf, o cinzento, que lhe contou o destino de seu pai e o ajudou a tramar a retomada do Reino sob a Montanha, narrada em ‘O Hobbit’.
Com o sucesso da nova empreitada, Erebor voltou ao domínio dos Anões e Smaug foi morto, mas a paz ainda não reinou no local, pois ainda foi necessário lutar na Batalha dos Cinco Exércitos, aonde Orcs e Lobos lutaram contra Anões, Homens e Águias. As criaturas malignas foram derrotadas, mas muitos homens e anões também morreram, inclusive o própio Thorin, o que passou o reinado de Erebor para as mãos de Dáin II.
Lendo o "O Hobbit", talvez não seja possível notar a importância da empreitada em questão, mas é interessante perceber como a fundação e a história de Erebor estão envolvidos em fatos muito mais complexos e profundos do que um simples Reino sob a Montanha.
Dos Personagens
BardCapitão da Guarda de Esgaroth, Bard era descendente de Girion o Senhor do Valle na época em que esté local foi destruido por Smaug.
No ano de 2941 da T.E. Smaug atacou Esgaroth, a cidade do lago, e Bard o matou com sua flecha negra, atingindo-o no ponto fraco do dragão, que lhe foi revelado pelo corvo Röac.
A cidade de Esgaroth havia sido destruida, então Bard lembrou-se da riqueza de Girion que estava misturada ao tesouro de Thror e que agora estava sem guardião (pois Smaug havia morrido), e partiu com o exército de Esgaroth para reclamá-la.
Bard participou da batalha dos Cinco Exércitos, ao lado dos elfos da Floresta das Trevas, os Anões da recém conquistada Erebor e das Colinas de Ferro, das Águias, além de Bilbo, Gandalf e Beorn contra Orcs e Wargs.
Depois da batalha, Bard reconstriu o Valle, onde passou a viver no pé da Montanha Solitária em aliança a Dain pé-de-ferro, Rei sob a montanha.
Não se sabe a data de sua morte, mas supõe-se que Bard tenha falecido em 2977 da T.E., ano em que seu filho Bain se tornou Rei do Valle.
Sobre Smaug, o magnífico.Smaug é o último dos grandes dragões da Terra-média, e é o vilão principal de “O Hobbit”. Instalou-se em Erebor, a Montanha Solitária, no ano de 2770 da Terceira Era, 771 anos depois da fundação dos Reis “sob-a-Montanha”. Foi para lá atraído pelos rumores da riqueza desta montanha, construído pelo povo de Thror, avô de Thorin II, Escudo de Carvalho. E ali viveu durante quase 2 séculos, causando destruição e desolação ao seu redor, de modo que os anões tiveram que esperar 171 anos para poderem se vingar, quando em 2941 foi morto por Bard, senhor de Valle.
O nome ‘Smaug’, conforme diz Tolkien, foi “uma piada filóloga sem graça” ao brincar com o significado “espremer-se por um buraco”, que vem do passado do verbo germânico primitivo
smugon. Originalmente, o dragão que figura nesta história, chamava-se “Pryfton”. E, numa primeira versão, Bilbo entraria furtivamente no covil para esfaquear o dragão. Mas, a versão final, que temos hoje, coloca Bilbo “roubando” uma taça do grande tesouro, que muito lembra um episódio de Beowulf.
No poema épico
Beowulf, a mais antiga obra literária em inglês, um “ladrão tinha entrado na caverna do dragão e levado uma parte do seu tesouro. Cheio de ódio, o dragão devastou o país, com a intenção de castigar a família do ladrão” (Guerreiros Lendários, pág. 113). Este poema muito inspirou o Professor Tolkien na composição de
O Hobbit (e também
O Senhor dos Anéis), principalmente nesta cena da fúria de Smaug. Conforme disse: “
Beowulf está entre minhas fontes mais valiosas”.
E quanto a origem de Smaug, de onde ele veio? Suspeita-se que tenha surgido em Angband, junto com os outros dragões-de-fogo, no final da Primeira Era, como fruto da maldade de Melkor. Ele é dividido como “dragão-de-fogo” pois, analisando grosseiramente, “cospe fogo” (óbvio), ou porque tem aptidão de cuspir fogo. Já “dragões frio” podem ser interpretados como aqueles que não têm a capacidade de “cuspir fogo”.
Isso é ficção, mas analisando de uma forma realista, o que faria Smaug cuspir fogo? Há quem analise esse tipo de particularidade nas obras do Professor, como o caso de Henry Gee, um biólogo britânico, editor de uma das mais importantes revistas científicas do mundo, a “Nature”, e autor de
The Science of Middle-earth (“A Ciência da Terra-média”, inédito no Brasil). Para entendermos isso, o parágrafo que segue abaixo é um trecho da matéria escrita por Reinaldo “Imrahil” Lopes, para a revista Galileu do mês passado:
Que tal éter dietílico? A substância, especula Gee em seu livro, poderia ser produzida por glândulas salivares modificadas, com a ajuda de bactérias – coisa que acontece em vários animais reais. Ao ser ejetada com pressão da boca do bicho, queimaria em contato com o ar. De quebra, a produção de éter explicaria outra capacidade dos dragões tolkienianos: “hipnotizar” a vítima. Como se sabe, o éter é um anestésico dos bravos.
Um caso muito claro de “hipnose” ocorre com Nienor/Niniel em
O Silmarillion quando esta conversa com Glaurung, o pai dos dragões, e cai em total encanto. Um exemplo que pode passar por despercebido na nossa história, mostra Bilbo quase sendo hipnotizado por Smaug na conversa com o dragão. No trecho a seguir, o Sr. Bolseiro por pouco não é descoberto pela criatura:
- (...) o hobbit tremia, e era tomado por um desejo incontrolável de se revelar e dizer a verdade a Smaug. Na verdade, estava correndo o perigo terrível de ser subjugado pelo encanto do dragão. Mas, criando coragem, falou de novo.
(O Hobbit, cap. XII)
Semelhanças entre Glaurung e Smaug:As histórias de Glaurung, o pai dos dragões, e Smaug, o magnífico, contadas em
O Silmarillion e
O Hobbit (respectivamente) são semelhantes em vários pontos. Fizemos uma lista de algumas dessas curiosidades:
- Smaug foi morto quando Bard acertou a Flecha Negra na sua barriga. Glaurung foi morto quando Túrin enfiou a Espada Negra em sua barriga.
- Muitas vidas teriam sido salvas se a ponte de Nargothrond tivesse sido destruída antes do ataque de Glaurung. A ponte da Cidade do Lago foi destruída antes do ataque de Smaug, o que salvou muitas vidas.
- Ambos foram mortos por homens de cabelos negros.
- Ambos possuíram, por um tempo, um tesouro mantido em uma caverna.
- Tanto Bard quanto Túrin foram dados como mortos após matarem os dragões, embora estivessem vivos.