Autor Tópico: Lá e de Volta Outra Vez: As Férias de um Hobbit - Capítulo 5  (Lida 6485 vezes)

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Lá e de Volta Outra Vez: As Férias de um Hobbit - Capítulo 5
« em: Outubro 04, 2006, 06:37:56 am »
Parte 1.

Título: Lá e de Volta Outra Vez: As Férias de um Hobbit - Capítulo 5
Autores: definir
Originalmente publicado em: Outubro/Novembro? de 2005.
Permissão de publicação para: Valinor e Sociedade do Pastel (SdP).


Apresentação:

Chegamos ao 5º Capítulo do "Lá e de Volta Outra Vez". O que trazemos desta vez?

Além da continuação da saga de Bilbo e os Anões, vocês encontrarão um ótimo texto sobre as runas usadas em O Hobbit, textos sobre Smaug, Bard e o reino dos Anões em Erebor. Não deixem de conferir as surpresas deste capítulo, as curiosidades e a morte de Smaug! Boa leitura!

Lá e de Volta Outra Vez: As Férias de um Hobbit - Capítulo 5

Das datas e dos acontecimentos:

Depois de Thorin, os seis primeiros a sair foram Dwalin, Balin, Bifur, Bofur, Fili e Kili. Estes dois últimos, por serem os mais jovens do grupo de anões, ajudaram Bilbo a resgatar os restantes, Bombur, Dori, Nori, Ori, Oin e Glóin. Estavam famintos e sujos, a primeira opção foi irem à Cidade do Lago. Sendo conduzidos pelos guardas, a Comitiva entrou num grande salão onde ocorria um banquete. Ali, encontrava-se o Senhor da cidade. Thorin se apresentou e quando os moradores ouviram “... Rei sob a Montanha”, começaram a cantar e a festejar[1].

Mesmo o Senhor, não sabendo se aquele anão sujo e molhado era de fato o “Rei”, acabou acatando os pedidos do povo. Ao lado dele, na mesa principal, sentaram-se Fili, Kili, Thorin e Bilbo, que puderam desfrutar do banquete.

O Senhor da cidade tratou de arranjar uma grande casa onde os aventureiros pudessem ficar. Durante pouco mais de 2 semanas eles puderam gozar de ótimas refeições, além de terem roupas novas de tecidos finos. O único infeliz era o Sr. Bolseiro, que andara gripado durante os 3 primeiros dias, tossindo e espirrando muito.

Por volta do dia 9 de outubro eles partiram, com três grandes barcos, com muitas provisões e com o auxílio de remadores de Esgaroth. Pela margem, iam alguns pôneis e cavalos, para que pudessem usá-los depois na cavalgada até a Montanha. Bilbo continuava infeliz. Nos corredores externos da cidade, pessoas se despediam e cantavam.

Dois dias depois saíram do Lago Comprido e entraram no Rio Corrente. A correnteza era contrária à eles, por isso a navegação tornava-se lenta e cansativa. Foi no final do terceiro dia que encostaram na margem ocidental e desembarcaram. Nessa altura, os pôneis já haviam chegado. Era noite do dia 12 de outubro, quando começaram a cavalgada. Apesar de estar escuro, os homens que haviam vindo auxiliando, preferiram não seguir junto, e voltaram remando.

O grupo seguia para o noroeste, distanciando-se do Rio Corrente. A jornada até a montanha era acompanhada de desgastante melancolia. Não haviam risos, tampouco canções. Quando finalmente atingiram a Montanha, encontraram as terras desoladas, tornadas áridas pela ação do Dragão. Escura e silenciosa, erguia-se sobre eles a Montanha Solitária, que possuia cerca de 16 quilômetros de diâmetros e mil metros de altura.

O outono transformava-se em inverno, e o hobbit ainda era o que mantinha maiores doses de ânimo no grupo. E graças a esse ânimo que a porta secreta que dava entrada à Montanha foi encontrada, em uma saliência oculta da Montanha. Era o décimo nono dia de Outubro, e os aventureiros decidiram mudar seu acampamento para o novo local. Porém, encontrar a porta não significa entrar, uma vez que a mesma estava trancada. E ali esperaram, até que o Dia de Durin [2] chegasse, permitindo que a porta fosse aberta, quando, no final da tarde, um último raio do sol a atingiu, fazendo com que uma lasca se abrisse para que a chave (que estava com o mapa) ali fosse colocada. A passagem estava aberta.

Um túnel dava seqüência à porta, estendendo-se por aproximadamente 3 quilômetros até atingir a câmara onde Smaug dormia, o mais profundo porão da Montanha. Este salão devia ter ao menos 50 metros de diâmetro, o suficiente para abrigar um Dragão que devia possuir seus 20 metros de comprimento. Bilbo chegara até ali, suplantando seus temores. E na tentativa de roubar uma pequena taça pertencente ao tesouro acabou por despertar Smaug. Bilbo somente se salvou por estar invisível graças ao Anel, e assim ele conseguiu escapar da ira do Dragão, que por pouco também não pega os Anões em sua caça ao invasor. Todos refugiaram-se no túnel secreto protegendo-se da ira do dragão. Smaug não conseguiu capturar ninguém do grupo, mas ele jamais se esqueceria de castigar quem roubou algo de seu tesouro.

No dia seguinte, Bilbo retornou ao covil do dragão, novamente invisível (claro!). Smaug logo percebeu a presença do hobbit, e iniciou uma conversa. Em meio a tal conversa, Bilbo descobriu que o lagarto possuía um ponto fraco em seu dorso, que era recoberto por um colete de diamantes.

Durante a noite, uma vez mais Smaug tentou atacá-los, mas por sorte eles haviam acabado de entrar na montanha. Fracassado, Smaug lembrou-se da conversa que tivera com Bilbo. “Montador de Barril?” – Não foi difícil para ele juntar as peças e descobrir que o hobbit e seus companheiros haviam passado pela cidade do Lago. E para lá ele direcionou sua ira, alçando vôo, flamejante.

Ao longe, muitos na cidade acreditaram que o Rei sob a Montanha novamente forjava ouro, mas logo suas esperanças transformaram-se em pavor. A população agitou-se ao avistar Smaug. Ele chegara à cidade, cuspindo fogo. Poucos tinha coragem para enfrentá-lo, e dentre esses poucos estava Bard. Ele instigava os homens à luta, mas as flechas não feriam Smaug, enquanto ele destruía a cidade, arremetendo-se sobre ele seguidas vezes.

Uma última companhia de arqueiros permanecia resistindo, quando Smaug os atacou. Seu líder, Bard, envergava o arco, quando um tordo pousou em seu ombro, e lhe revelou o ponto fraco de Smaug, o qual ele ouvira Bilbo comentando com os anões. Então Bard esticou seu arco, e disparou sua flecha negra. Ela voou em direção ao dorso do dragão, atingindo o vazio em seu peito e desaparecendo por completo dentro da carne do mesmo. Smaug caiu em cima da cidade. A cidade estava destruída, mas o dragão fora morto.


As Runas

Um pouco de História:

Quando Tolkien escreveu “O Hobbit”, ainda não havia criado as Angerthas (as runas – élficas e anãs) que seriam usadas posteriormente em O Senhor dos Anéis. Por isso nota-se uma clara diferença entre as runas usadas em O Hobbit, como no Mapa de Thror, para O Senhor dos Anéis, como no Túmulo de Balin, por exemplo. Mas ambos os livros usam runas na forma inscrita, entalhada na rocha, e não em pedras soltas, como usadas em mitologias ou até mesmo em jogos.

Runas são caracteres rúnicos, relativos aos mais antigos alfabetos escandinavos (uma denominação ao norte da Europa, que agrega 5 países, como a Noruega e Finlândia) e germânicos, constituídos de sinais entalhados na pedra e na madeira. O alfabeto rúnico nórdico ou recente foi usado na Escandinávia entre os séculos IX e XV, e é este que Tolkien pega emprestado para usá-los em O Hobbit, também conhecidos como as Runas Inglesas.

Percebemos que as Runas Inglesas são todas, em sua formação, uma união de linhas retas, ao contrário das Angerthas que Tolkien criou, em que há casos que aparecem linhas em curva.

Falando em mitologia, também vale destacar as utilidades e os usos das runas: em tempos primitivos, nos povos nórdicos, usavam-se as runas para prever o futuro; eles “embaralhavam” as pedras e depois tentavam fazer as adivinhações. Runas também tinham finalidades mágicas em muitos casos, tanto para malignas quanto benignas. Mas foi em épocas posteriores que passaram a ser empregadas com mais freqüência em epitáfios de túmulos.

As Runas de O Hobbit:

Vamos voltar para o nosso O Hobbit. No prefácio do livro, o editor explica o que significa cada trecho de runas no Mapa da Thror, isso é, a “tradução” para a nossa língua, ou pelo menos para a língua inglesa. Com a ajuda de uma tabela, as runas podem ser facilmente decodificadas e lidas.

Mas como para tudo existem regras, nesta tabela podemos observar o uso de uma mesma runa para as letras U e V; e para I e J. Há casos em que uma única runa corresponde a duas letras, como em th, ng, ee, ea e st. Prova disso são as “assinaturas” que os anões deixam no Mapa de Thror, já que seus nomes começam com “Th”, Thror e Thrain. Assim como na ilustração “Conversa com Smaug”, em que Tolkien usou a runa inglesa (th) para mostrar que os barris cheios de ouro foram um dia dos anões.

Quando duas letras iguais aparecem numa palavra, com a intenção de indicar um único fonema (dígrafo), como no português, “peSSoas”, não precisa-se usar a runa S duas vezes, podemos optar pelo uso de uma runa só. Porém, se repetir a runa, não estará errado. Só é mais prático.

A primeira inscrição no Mapa de Thror, que aparece debaixo de uma mão, é a seguinte, em inglês: “Five feet high the door and three may walk abreast”, que no português significa: “Cinco pés de altura tem a porta, e três podem passar lado a lado”. Repare que a regra de uma runa para duas letras é utilizada, e ocorre nas palavras que seguem abaixo entre [ ]. Acompanhe no mapa: aqui

F[ee]t: ee =
[Th]e: th =
D[oo]r: oo =
[Th]r[ee].

Outro trecho em runas, um pouco mais extenso encontra-se no centro do Mapa. Escrito em letras-da-lua na forma inglesa, corresponde a: “Stand by the grey stone when the thrush knocks and the setting with last light of Durin’s day will shine upon the keyhole”. Sua tradução é: “Fique ao lado da pedra cinzenta, quando o tordo bater e o Sol poente, com a última luz do Dia de Durin, brilhará sobre a fechadura”. Todas as palavras em inglês que têm “th”, neste trecho, fizeram o uso de somente uma runa. Curiosamente, o ST em “stand”, “stone” e “last” não foi substituído pela runa  (st), mas sim pelas somas de  (S) +  (T). A única novidade é na palavra abaixo:

Setti[ng]: ng =

Acompanhe essa análise na arte do Mapa: aqui.
« Última modificação: Outubro 04, 2006, 06:53:15 am por Smaug »
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Re: Lá e de Volta Outra Vez: As Férias de um Hobbit - Capítulo 5
« Responder #1 em: Outubro 04, 2006, 06:46:48 am »
Parte 2.

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Continuação

De Erebor

Após cavar muito profundamente para procurar Mithril, os anões que habitavam em Moria libertaram um grande demônio dos tempos antigos: um Balrog de Morgoth, que atacou com fúria os despreparados anões e matou seu líder, o Rei Durin além de seu filho Náim e muitos outros de sua prole.

Alguns anões ainda conseguiram fugir do local e vagaram errantes por anos, até que em 1999 da terceira Era, Thráin I, filho de Náim, fundou o Reino de Erebor, localizado ao leste da Floresta das Trevas e ao oeste das Colinas de Ferro, com os sobreviventes do povo de Moria que lhe acompanhavam.

A primeira crise veio no ano de 2210 da mesma Era, quando o senhor de Erebor, Thorin, guiou seu povo para residir nas Montanhas Cinzentas, por ter a esperança de encontrar muitos outros anões sobreviventes de Moria, tornando a região da montanha solitária quase deserta. Ali, Thorin foi aceito como rei e pode usar seu anel do poder para fazer a região prosperar novamente. Após o reinado de Thorin, seu filho Gróin, reinou, e depois Óin, Náin II e Dáin I.

Com o sucesso do novo reino desses anões, a prosperidade financeira tornou-se absoluta, sendo que a fama do ouro desse local passou a ser muito grande. Aconteceu, então, que alguns dragões atacaram o reino, matando muitos anões e expulsando os outros das Montanhas Cinzentas. Em 2590, o filho de Dáin I, Thrór, uniu alguns dos sobreviventes das Montanhas Cinzentas e os guiou de volta para o Reino de Erebor, os outros seguiram seu irmão, Grór, para as Colinas de Ferro.

Estando novamente este povo estabelecido, a prosperidade foi mais uma vez alcançada, pois havia grande atividade comercial entre os Anões, Homens de Valle e de Esgaroth e os Elfos de Mirkwood. Com Erebor no auge de sua riqueza, a fama de suas vitórias, conquistas e principalmente de seus tesouros, espalhou-se por muitas milhas, chegando aos ouvidos do temível dragão Smaug, que atacou e dominou a cidade em 2770, numa investida furiosa onde grande parte da população local foi assassinada e outra parte fugiu, possibilitando um reinado tranqüilo do dragão.

Alguns dos anões que novamente foram expulsos de seu lar buscaram refúgio nas Colinas de Ferro, os outros seguiram o Rei Thrór, seu filho Thrain II, e seu neto Thorin II, em companhias vagantes. Neste período, Thror foi assassinado por Orcs em Moria, que o decapitaram e enviaram sua cabeça para seu povo. Os anões não suportaram mais esse insulto cruel e todas as casas desse povo se uniram numa gigantesca batalha que ficou conhecida como "Guerra dos Anões e orcs" e durou sete anos.

Nesta guerra, os Anões atacaram cada moradia de Orcs que conseguiram encontrar, até que finalmente atingiram o portão leste de Moria, aonde travaram a Batalha de Azanulbizar. Mesmo vitoriosos, não havia motivos para comemorar, pois grande parte da população perecera na guerra, Moria continuava nas mãos do Balrog e o Reino sob a montanha tinha Smaug como seu senhor.

Após o termino da guerra, Thráin II e seu filho, Thorin II (agora chamado Escudo-de-Carvalho) fundaram um pequeno reino nas Montanhas Azuis, mas nem lá encontraram a paz, pois Sauron capturou Thráin II, tomou-lhe o seu Anel do Poder e o torturou até a morte.

Aconteceu, porém, que Thorin Escudo de Carvalho, ficou descontente em seu reino, mas lá continuou, pois não sabia o que havia acontecido com seu pai e ainda o esperava. Mesmo com o crescimento do reino nas Montanhas azuis, Thorin ainda desejava retornar para Erebor e isso só foi possível quando se encontrou com Gandalf, o cinzento, que lhe contou o destino de seu pai e o ajudou a tramar a retomada do Reino sob a Montanha, narrada em ‘O Hobbit’.

Com o sucesso da nova empreitada, Erebor voltou ao domínio dos Anões e Smaug foi morto, mas a paz ainda não reinou no local, pois ainda foi necessário lutar na Batalha dos Cinco Exércitos, aonde Orcs e Lobos lutaram contra Anões, Homens e Águias. As criaturas malignas foram derrotadas, mas muitos homens e anões também morreram, inclusive o própio Thorin, o que passou o reinado de Erebor para as mãos de Dáin II.

Lendo o "O Hobbit", talvez não seja possível notar a importância da empreitada em questão, mas é interessante perceber como a fundação e a história de Erebor estão envolvidos em fatos muito mais complexos e profundos do que um simples Reino sob a Montanha.


Dos Personagens


Bard

Capitão da Guarda de Esgaroth, Bard era descendente de Girion o Senhor do Valle na época em que esté local foi destruido por Smaug.

No ano de 2941 da T.E. Smaug atacou Esgaroth, a cidade do lago, e Bard o matou com sua flecha negra, atingindo-o no ponto fraco do dragão, que lhe foi revelado pelo corvo Röac.
A cidade de Esgaroth havia sido destruida, então Bard lembrou-se da riqueza de Girion que estava misturada ao tesouro de Thror e que agora estava sem guardião (pois Smaug havia morrido), e partiu com o exército de Esgaroth para reclamá-la.

Bard participou da batalha dos Cinco Exércitos, ao lado dos elfos da Floresta das Trevas, os Anões da recém conquistada Erebor e das Colinas de Ferro, das Águias, além de Bilbo, Gandalf e Beorn contra Orcs e Wargs.
Depois da batalha, Bard reconstriu o Valle, onde passou a viver no pé da Montanha Solitária em aliança a Dain pé-de-ferro, Rei sob a montanha.
Não se sabe a data de sua morte, mas supõe-se que Bard tenha falecido em 2977 da T.E., ano em que seu filho Bain se tornou Rei do Valle.

Sobre Smaug, o magnífico.

Smaug é o último dos grandes dragões da Terra-média, e é o vilão principal de “O Hobbit”. Instalou-se em Erebor, a Montanha Solitária, no ano de 2770 da Terceira Era, 771 anos depois da fundação dos Reis “sob-a-Montanha”. Foi para lá atraído pelos rumores da riqueza desta montanha, construído pelo povo de Thror, avô de Thorin II, Escudo de Carvalho. E ali viveu durante quase 2 séculos, causando destruição e desolação ao seu redor, de modo que os anões tiveram que esperar 171 anos para poderem se vingar, quando em 2941 foi morto por Bard, senhor de Valle.

O nome ‘Smaug’, conforme diz Tolkien, foi “uma piada filóloga sem graça” ao brincar com o significado “espremer-se por um buraco”, que vem do passado do verbo germânico primitivo smugon. Originalmente, o dragão que figura nesta história, chamava-se “Pryfton”. E, numa primeira versão, Bilbo entraria furtivamente no covil para esfaquear o dragão. Mas, a versão final, que temos hoje, coloca Bilbo “roubando” uma taça do grande tesouro, que muito lembra um episódio de Beowulf.

No poema épico Beowulf, a mais antiga obra literária em inglês, um “ladrão tinha entrado na caverna do dragão e levado uma parte do seu tesouro. Cheio de ódio, o dragão devastou o país, com a intenção de castigar a família do ladrão” (Guerreiros Lendários, pág. 113). Este poema muito inspirou o Professor Tolkien na composição de O Hobbit (e também O Senhor dos Anéis), principalmente nesta cena da fúria de Smaug. Conforme disse: “Beowulf está entre minhas fontes mais valiosas”.

E quanto a origem de Smaug, de onde ele veio? Suspeita-se que tenha surgido em Angband, junto com os outros dragões-de-fogo, no final da Primeira Era, como fruto da maldade de Melkor. Ele é dividido como “dragão-de-fogo” pois, analisando grosseiramente, “cospe fogo” (óbvio), ou porque tem aptidão de cuspir fogo. Já “dragões frio” podem ser interpretados como aqueles que não têm a capacidade de “cuspir fogo”.

Isso é ficção, mas analisando de uma forma realista, o que faria Smaug cuspir fogo? Há quem analise esse tipo de particularidade nas obras do Professor, como o caso de Henry Gee, um biólogo britânico, editor de uma das mais importantes revistas científicas do mundo, a “Nature”, e autor de The Science of Middle-earth (“A Ciência da Terra-média”, inédito no Brasil). Para entendermos isso, o parágrafo que segue abaixo é um trecho da matéria escrita por Reinaldo “Imrahil” Lopes, para a revista Galileu do mês passado:

Que tal éter dietílico? A substância, especula Gee em seu livro, poderia ser produzida por glândulas salivares modificadas, com a ajuda de bactérias – coisa que acontece em vários animais reais. Ao ser ejetada com pressão da boca do bicho, queimaria em contato com o ar. De quebra, a produção de éter explicaria outra capacidade dos dragões tolkienianos: “hipnotizar” a vítima. Como se sabe, o éter é um anestésico dos bravos.

Um caso muito claro de “hipnose” ocorre com Nienor/Niniel em O Silmarillion quando esta conversa com Glaurung, o pai dos dragões, e cai em total encanto. Um exemplo que pode passar por despercebido na nossa história, mostra Bilbo quase sendo hipnotizado por Smaug na conversa com o dragão. No trecho a seguir, o Sr. Bolseiro por pouco não é descoberto pela criatura:

  • (...) o hobbit tremia, e era tomado por um desejo incontrolável de se revelar e dizer a verdade a Smaug. Na verdade, estava correndo o perigo terrível de ser subjugado pelo encanto do dragão. Mas, criando coragem, falou de novo.
    (O Hobbit, cap. XII)

Semelhanças entre Glaurung e Smaug:

As histórias de Glaurung, o pai dos dragões, e Smaug, o magnífico, contadas em O Silmarillion e O Hobbit (respectivamente) são semelhantes em vários pontos. Fizemos uma lista de algumas dessas curiosidades:

- Smaug foi morto quando Bard acertou a Flecha Negra na sua barriga. Glaurung foi morto quando Túrin enfiou a Espada Negra em sua barriga.

- Muitas vidas teriam sido salvas se a ponte de Nargothrond tivesse sido destruída antes do ataque de Glaurung. A ponte da Cidade do Lago foi destruída antes do ataque de Smaug, o que salvou muitas vidas.

- Ambos foram mortos por homens de cabelos negros.

- Ambos possuíram, por um tempo, um tesouro mantido em uma caverna.

- Tanto Bard quanto Túrin foram dados como mortos após matarem os dragões, embora estivessem vivos.
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Re: Lá e de Volta Outra Vez: As Férias de um Hobbit - Capítulo 5
« Responder #2 em: Outubro 04, 2006, 06:51:56 am »
Parte 3.

Título: Lá e de Volta Outra Vez: As Férias de um Hobbit - Capítulo 5
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Notas


1. Rei sob a Montanha

A história de que a tal Montanha estava toda recheada de ouro era conhecida por muitos, praticamente por todos habitantes daquela região, mas pouquíssimos arriscavam-se a investigar (ou conferir de perto, se preferirem), já que a lenda de que o velho dragão habitava-a era um tanto recente. No livro, vemos que os mais velhos de Esgaroth diziam ter visto o dragão sobrevoando a região nos seus dias de juventude. Os mais novos, porém, não acreditavam, achavam que eles estavam é pirando: a explicação é que o dragão raramente saia de seu covil.

Portanto, os bardos do local logo começaram a cantar alguns versos:

Sua riqueza jorra em fontes,
Rios de ouro palpitam.

Felizes correm riachos,
Queimam os lagos brilhando,
Não há pranto nem tristeza
Porque o Rei está voltando!


Como se o simples retorno de um herdeiro do Rei, e não o próprio Rei (Thorin era neto de Thror), significasse que Smaug estivesse morto ou “partido em pedacinhos” (O Hobbit, pág. 193). Não ainda. E basicamente este foi o motivo de toda essa agitação, no qual eles tanto ansiavam.

2. Dia de Durin

O Dia de Dúrin nos é apresentado por Karen Fonstad como sendo em 30 de outubro, aproximadamente. Porém não há certeza absoluta quanto à essa data. Segundo Andreas Moehn, no entanto, é possível calcular qual era a data exata do Dia de Dúrin com uma precisão razoável, como sendo 22 de outubro.

Essa diferença nas datas ocorre por que os Anões possuíam um calendário lunar, que foi substituído mais tarde por um calendário solar. Assim, um ano solar não correspondia à um número exato de ciclos lunares, gerando uma diferença de alguns dias entre um calendário e outro. Portanto, fica um tanto difícil calcular um feriado do calendário lunar no calendário solar.

Andreas calcula a data, sabendo-se que em 22 de setembro o grupo chegara de barril à Esgaroth, permanecendo lá duas semanas. Assim, o Dia de Dúrin ocorreria dois dias após a lua nova de outubro, precisamente no primeiro dia da última semana de outono. Como as datas n’O Hobbit são dadas segundo o Registro do Condado, haveria apenas um modo de relacionar essa data, sendo que o dia de Dúrin teria ocorrido então precisamenente em 22 de outubro, numa segunda-feira, dois dias após a lua nova, no dia 20


Consultas


Livros:
O Hobbit, J.R.R. Tolkien. Editora Martins Fontes.
O Atlas da Terra-média, Karen Wynn Fonstad. Editora Martins Fontes, 2004.
O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, J.R.R. Tolkien. Editora Martins Fontes.
O Silmarillion, J.R.R. Tolkien. Editora Martins Fontes.
Guerreiros Lendários: Os grandes heróis da Mitologia e da História, Daniel Mersey, capítulo 4 “Beowulf”. Editora Ediouro, 2005.
O Mundo Mágico do Senhor dos Anéis, David Colbert. Editora Sextante, 2002.

Revistas:
História Viva: Mitologia – Volume 3. Duetto Editorial, 2005. Cap. XL – Caracteres Rúnicos, página 104 e 105. Versão em revista para o Livro de Ouro da Mitologia, da editora Ediouro.
Galileu. Outubro de 2005, nº 171. Matéria de Reinaldo Lopes “A Ciência da Terra-média”, pág. 51. Editora Globo.

Sites:
Enciclopédia Valinor – sobre personagens.
Valinor – diversos artigos.
Las Runas de El Hobbit.
Durin's Day (indicação de Ronald Kyrmse, tradutor do "Atlas da Terra-média").
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