Autor Tópico: 2 de Setembro de 2005: 32 anos depois  (Lida 4478 vezes)

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Offline Smaug

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2 de Setembro de 2005: 32 anos depois
« em: Abril 02, 2006, 03:28:22 am »
Título: 2 de Setembro de 2005: 32 anos depois
Autores: Demétrius "Smaug", Danilo "Mith", Silvano "Proview", Cassiano "Fëanor".
Originalmente publicado em: 2 de Setembro de 2005.



Neste dia 2 de Setembro de 2005 completam-se 32 anos do falecimento do maior criador de mundos fantásticos que a literatura já conheceu, J.R.R. Tolkien. O autor de O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmarilion, inspirou muitos músicos, artistas e escritores. E por isso nada mais justo do que nesta homenagem, mostrarmos que mesmo depois de mais de 30 anos de sua morte, o legado que o Professor deixou ainda vive em nossos corações.

O grupo fez 4 entrevistas com fãs especiais, e selecionou outros depoimentos de críticos, do documentário “J.R.R. Tolkien: Master of the Rings”. Vamos a eles:

A escritora brasileira de livros juvenis, Rosana Rios (do recente Senhoras dos Anéis – As Mulheres na Obra de J.R.R. Tolkien) começa dizendo:

“Fazem 32 anos que John Ronald Reuel Tolkien partiu para as Terras Imortais. Fazem 50 anos que O Retorno do Rei foi publicado. E a obra permanece mais viva que nunca... Por que? Que força estranha faz com que a literatura de Tolkien, embora desprezada pela crítica, continue sendo amada e reverenciada por fãs de todas as idades?”

Como que respondendo a pergunta de Rosana, o tradutor das Letters of J.R.R. Tolkien no Brasil, Gabriel O. Brum comenta:

“O motivo para tamanha durabilidade do fascínio que os livros de Tolkien exercem sobre as pessoas é a verossimilhança de seu legendário e dos temas inseridos nele: são coisas que tocam profundamente o leitor com um mínimo de vivência de mundo; suas próprias emoções estão refletidas na Obra de maneira muito fidedigna e com o atrativo especial da fantasia extremamente detalhada que permeia tal ambiente - a identificação com experiências pessoais e sonhos do leitor é imediata. Como não se afeiçoar a algo assim? É preciso que a pessoa seja feita de puro granito para que isso não aconteça”.

Rosana ainda nos conta um fato interessante que ocorreu semanas atrás, na Inglaterra:

“Acabo de voltar da Inglaterra, onde tive o privilégio de participar da Tolkien 2005, encontro internacional das Sociedades Tolkien, como uma das representantes do Conselho Branco e do Brasil. O que vi lá foi emocionante: pessoas de mais de 30 nacionalidades, vindas de todo canto do mundo, e falando várias línguas, unidas em torno de um universo fictício que se impôs no imaginário de todos, fosse qual fosse sua cultura”.

Vemos aí a força, o valor do legado que Tolkien deixou para leitores de vários países. Por isso ela segue:

“O legado de Tolkien, então, deve ser algo fortíssimo para ter esse impacto multicultural que elimina disputas e diferenças. Qual é ele? Talvez seja cedo para dizer, e devamos esperar mais 50 anos para analisar o fenômeno”.

Ronald Kyrmse, tradutor do Contos Inacabados e do Atlas da Terra-média para o Brasil, acrescenta:

“Tolkien é perene. Não porque tenha criado um gênero literário - o da ficção fantástica -, não porque um filme baseado em sua obra tenha alcançado um sucesso imenso, mas porque fala aos corações de todos nós. Os personagens de Tolkien são reais; a Terra-média é aqui; as mensagens que ele nos legou valem para nosso dia-a-dia do mesmo modo que para todas as gerações vindouras”.

Daí, perguntado sobre como o editor e escritor Thiago Marés (do livro O Segredo da Guerra) vê o fato de leitores estarem lendo as obras de Ronald Tolkien ainda hoje, ele diz:

“O maior legado é este mesmo, o de mesmo depois de sua morte, as pessoas ainda se divertirem com as histórias que ele criou. Para mim sempre ficou claro que o maior objetivo de Tolkien era contar uma história, entreter as pessoas com suas aventuras”.

Porém, o reconhecimento vai se estabelecendo com o tempo, como escreve Gabriel:

“Embora o reconhecimento por parte dos fãs tenha se estabelecido há mais de 50 anos e seja reforçado continuamente com o surgimento de novos leitores, apenas recentemente o legado literário de Tolkien vem recebendo um considerável reconhecimento (embora ainda longe do justo) por parte da crítica, e obras sobre o autor e sua Obra abundam, tais como o anuário Tolkien Studies – em grande parte ainda apenas em outras línguas, infelizmente.
Espero que o lançamento das Cartas em português estimule um estudo mais aprofundado da Obra por parte dos fãs brasileiros a ponto de existir a possibilidade do surgimento de mais livros do tipo, sejam traduzidos, sejam de autoria nacional”.

Retomando a fala de Rosana Rios, ela nos dá dicas de como descobrir o que ela disse, e conclui:

“Seja como for, há algumas pistas, e se há alguém que pode nos ajudar a encontrá-las, é Frodo - o herói improvável que, diante de uma jornada impossível e sem volta, não ficou quieto esperando que outros se desincumbissem da missão, mas ergueu-se e declarou simplesmente que levaria o Um Anel à Mordor, embora não soubesse o caminho. A atitude de Frodo pode ser um bom ponto de partida para quem deseja entender o porquê de o SdA permanecer hoje tão atual como quando foi escrito... para mim, pelo menos, ela tem ensinado muita coisa.”

Thiago também arremata sua opinião:

“Evidente que não podemos negar as inúmeras influências que sua obra tem nas mais diversas áreas artísticas. No final Tolkien atingiu seu objetivo, pois suas obras passaram a ser fonte de inspiração para muitos artistas. E se formos olhar bem, assim também aconteceu com as histórias mitológicas. Por tanto Tolkien acabou escrevendo a sua mitologia. Pena que o Tempo não deixou que ele fosse mais longe”.

Entrando nas finalizações, vemos uma resposta de Ken Hensley, músico do “Uriah Heep”, que se inspirou em Tolkien para compor algumas de suas músicas. A fala a seguir foi retirada do documentário citado:

“Acho que ele já é eterno. Há muito poucas peças da literatura que são imortais e há muito poucas peças de arte e há muito poucas peças da música, mas acho que ele é suficientemente diferente e foi escrito num momento informativo importante para muitas pessoas como eu”.

O apresentador do documentário “Master of the Rings”, Roberto di Napoli, nos deixa uma mensagem para se refletir, e ver o porquê de Tolkien ser especial na Literatura:

“Desde que O Senhor dos Anéis tornou-se um sucesso, editores se apressaram em promover novos autores, “o próximo Tolkien”, embora com resultados variados. Surgido como uma visão pessoal e particular que foi tomando forma na imaginação de seu autor durante décadas, O Senhor dos Anéis conseguiu efeitos que não podem ser facilmente duplicados. Preencher sua história com elfos, anões e magos não vai torná-lo outro Tolkien, embora muitos tenham tentado”.

Fechando com chave de ouro, diz Kyrmse:

“Por isso creio que ele jamais há de ser esquecido, como autor, como filósofo e como ‘amigo de cabeceira’”.

Curiosidades do último ano:

- 2005 é o aniversário de 50 anos da publicação completa d'O Senhor dos Anéis, uma vez que o terceiro livro foi lançado em 20 de outubro de 1955.

- Em 25 fevereiro morreu o primeiro tradutor de Tolkien no mundo, Max Schuchart, aos 84 anos.

- Especial "Calendário Tolkien 2005". Alguém quer comprar? :mrgreen:

- Em novembro de 2004, a casa onde Tolkien viveu entre 1930 e 1947 e escreveu muitas de suas histórias, incluindo O Hobbit e O Senhor dos Anéis, foi tombada. A casa foi construída em 1924. Para quem quiser saber o endereço, anota aí: Northmoor Road, nº 20 - Oxford.

- Em 3 de janeiro completou-se 113 anos do nascimento de Tolkien.


O grupo agradece aos entrevistados: Rosana Rios, Ronald Kyrmse, Gabriel O. Brum e Thiago Marés, pelas importantes palavras que ajudaram na construção do texto.
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