A vida num condomínio horizontal, afastado da cidade (em uma cidade média), era mais calma se comparada com a que passei a viver recentemente: num bairro vizinho ao centro de Curitiba. Maior concentração de pessoas, mais fatos crônicos e estranhos, todo dia! E quem não presencia - ou suporta - movimentos estranhos, atitudes insuportáveis, ou qualquer coisa do tipo, todo dia, ou frequentemente, na sua vizinhança? E há coisa que só Deus explica! Nem a teoria mais elaborada consegue explicar. Vamos começar com minha histórias. Algo no estilo de "Janela Indiscreta", de Hitchcock, se quiserem...
Poderia citar inúmeros personagens daqui do meu bairo: o "carro do sonho", ao estilo de "pamonha, pamonha"; o turco que buzina todo dia, às 6 horas em ponto, obrigando a mulher a abrir o portão - custa instalar um sistema de controle eletrônico?; e a mesma família de árabes gritando em festas familiares, passando das 10 da noite - e em árabe!; a "igreja" dos cultos infernais, instalado em um pavilhão pré-moldado sem o mínimo de isolamento acústico!; os malditos motoristas buzinadores e os cruzamentos para 4 mãos: 1 acidente por mês, no mínimo; o velho do meu vizinho que vem gritando com o filhinho desde a outra quadra! ô estresse!;.... mas o que me motivou a criar este é o inacreditável vizinho de baixo, e a santa batida na parede todo dia, cerca de 19 horas. Poderia até começar como a Clarice Lispector começou com seu conto de como matar baratas, começaria assim: me queixei do meu vizinho. A comadre me deu a dica para o veneno... e seguria. Mao o negócio é o seguinte:
É natural que as pessoas instalem quadros, prateleiras, e para isso precisam furar ou bater algum prego na parede. Uma vez, duas, tudo bem. Mas TODO DIA? O que tanto tem para fixar na parede? Pois é, esse é o caso do meu vizinho de baixo. Um senhor de meia-idade. Não há dia que passe sem uma batida na parede, parece uma de martelo ou coisa do gênero. Ele dá as suas marteladas, mais um pouquinho, e pára. E no outro dia a mesma coisa.
Daí que começamos a levantar hipóteses malucas, porque não pode algo assim! A primeira de que seria um ritual de martelar um prego por dia na parede, para a contagem dos dias dele no apartamento, de tal forma que haveria uma faixa na sala inteira de pregos. A segunda hipótese seria se ele fizesse a barba todo dia e batesse o pincel na parede, para... não sei... quem sabe secá-lo? Mas não é possível alguém fazer ininterruptamente a barba toda santa noite, às 19 horas! Um dia até desci, e vi da rua ele mudando os móveis no quarto. Mas mesmo assim não existe quem faça mudança na casa toda santa noite.
Então o que pode ser, caros amigos? Não existe espaço para prender tantos quadros, ou mudá-los de lugar todo dia, às 7 da noite! Nem mesmo pode vir de outros apartamentos, porque não acho possível, dado o número pequeno de apartamentos no prédio, que todo dia alguém martele algo na parede. A probabilidade seria impossível. Daí não sei o que é. Algum dia poderei descobrir, mas por enquanto vou ficar na posição do carinha da perna engessada, do Hitchcock. Vocês vivem algo semelhante, têm idéias?
Apontem também os problemas crônicos de seu bairro, e quem sabe possamos ajudá-lo!